Câncer de pulmão causado pelo fumo já é o 2º em mortes , alerta palestrante
O mundo registra diariamente 100 mil novos fumantes e, ao mesmo tempo, 10 mil novas mortes causadas pelo cigarro. Câncer de pulmão, de boca, de língua e de laringe, lábio leporino, morte súbita em fetos, defeitos congênitos e baixo peso de recém-nascidos são apenas alguns dos males causados pelo fumo. Para falar sobre o tema, o Conselho da Justiça Federal (CJF) convidou o médico pneumologista Celso Antônio Rodrigues da Silva, coordenador do programa de controle do tabagismo do Ministério da Saúde. Nesta terça-feira, 31 de maio, se comemora o Dia Mundial sem Tabaco.
As estatísticas seguem demonstrando a importância do combate ao cigarro, em suas mais variadas formas. Segundo o especialista, apesar do Distrito Federal ser o estado onde menos se fuma (o Rio Grande do Sul lidera o ranking e registra o maior número de vítimas de câncer de pulmão), o GDF gasta R$ 18 milhões por mês com doenças relacionadas ao tabaco. “Da cabeça aos pés existem problemas causados pelo tabaco. Em 2010, foram 300 mortes por câncer de pulmão no DF, o segundo que mais mata homens e mulheres”, afirmou o médico. Somente mês passado, a Secretaria de Saúde registrou mais de 500 pessoas em cadeiras de rodas em Brasília, vítimas de tromboangeíte obliterante, doença vascular inflamatória que acomete fumantes.
Fumante passivo
O vício de fumar não atinge somente quem o pratica, mas aqueles que estão à sua volta. Uma gestante que fuma causa aumento dos batimentos cardíacos do feto, comprometendo seu desenvolvimento. “Ao invés de vitaminas, a mãe entrega ao filho por meio da placenta mais de quatro mil substâncias químicas nocivas”, disse o médico. Ele citou que o lábio leporino e a fenda palatina em crianças têm origem em mães fumantes.
Os fumantes passivos - dentro de casa ou no trabalho - podem também desenvolver câncer de pulmão, além de otites, amigdalites, asma, entre outras doenças.
Lobby e conscientização
O segredo, segundo o palestrante, não é proibir o cigarro, mas conscientizar jovens e adultos sobre o quão nocivo é o seu uso. De acordo com Celso da Silva, a indústria do tabaco repassa um imposto de 25% sobre o custo do cigarro ao governo, o que representa R$ 6 milhões mensais ao GDF, um terço do que o governo gasta atendendo as vítimas do cigarro.
Como a população fumante no DF está diminuindo – em 1998 era 39% e hoje chega a 12% -, a indústria tabagista investe maciçamente na conquista de novos adeptos. “Existe um lobby muito grande no Congresso para que não seja cerceado o uso do cigarro”, afirmou.
Como membro do Tratado Internacional para o Controle do Tabaco, assinado em Genebra, o Estado brasileiro compromete-se criar um ambiente 100% livre do cigarro. A tarefa é árdua, já que, segundo o pneumologista, apenas 3% dos fumantes conseguem largar o vício sem apoio médico.