Você está aqui: Página Inicial > Notícias > 2016 > Março > Aspectos gerais do processo de arbitragem são discutidos por professores da FGV durante seminário

Notícias

Aspectos gerais do processo de arbitragem são discutidos por professores da FGV durante seminário

por publicado: 17/03/2016 10h34 última modificação: 17/03/2016 10h34

Os professores da Fundação Getúlio Vargas Nelson Eizirik, José Antonio Fichtner e Juliana  Loss foram os palestrantes de mais um painel do seminário O papel do STJ na arbitragem doméstica e internacional, realizado na segunda-feira (14)  pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal (CEJ/CJF), em Brasília. Os aspectos gerais do processo de arbitragem foi o tema chave tratado pelos especialistas, com moderação do ministro do STJ Moura Ribeiro.

Em sua conferência, o professor Nelson Eizirik fez um panorama da aplicação da arbitragem no Direito Societário.  Para ele, é indiscutível que o Poder Judiciário tem prestigiado a arbitragem. “Quando examinamos a jurisprudência do STJ, é possível verificar que há uma sintonia muito grande entre o tribunal e a comunidade de arbitragem. Dessa forma, não há dúvida de que isso contribui para uma maior segurança jurídica e para uma maior certeza de que as decisões arbitrais, caso sigam o devido processo legal, sejam mantidas nos casos em que exista algum tipo de recurso no Poder Judiciário”, avaliou.

Segundo Eizirik, a arbitragem apresenta algumas características básicas que são de extrema importância para o Direito Societário. Em primeiro lugar, ele apontou a questão de celeridade. “As questões levadas para arbitragem são decididas de forma mais rápida”, disse. Segundo o professor, outra particularidade importante da arbitragem é a possibilidade de se adequar o rito ao caso. “A arbitragem permite, digamos assim, uma customização do processo. Não há uma rigidez do procedimento arbitral”, revelou.

O especialista disse ainda que também existem muitos casos em regime de confiabilidade, quando as partes envolvidas não querem que o caso seja público, o que confere maior segurança nos processos. Nelson Eizirik também apontou um levantamento feito pela professora Selma Lopes, no qual revela que de 2010 a 2014 houve cerca de 600 litígios arbitrais decididos, envolvendo quase 16 bilhões de reais.

A realização da prova

Em sua exposição, o professor José Antonio Fichtner disse que a arbitragem sempre esteve vinculada à forma como o Judiciário a enxergava. “Nós estamos este ano comemorando dois aniversários da arbitragem, os 20 anos da Lei de Arbitragem e 15 anos da declaração de sua constitucionalidade. Esse dispositivo legal foi extremamente bem feito, mas foi apontado como inconstitucional pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por cinco anos pairou na comunidade jurídica brasileira a dúvida se ela iria ou não prevalecer”, explicou.

Segundo o professor Fichtner, quem cuidou de forma exemplar da emancipação da arbitragem no Brasil, nesse período, foi o STJ. “Isso foi tão bem feito que hoje a arbitragem é estudada no mundo inteiro como um caso raríssimo de sucesso.  Por isso, nesses 15 anos, o Brasil se transformou no terceiro país em número de arbitragem perante a Corte do Comércio Internacional”, contou.

A professora Juliana Loss, por sua vez, falou sobre a mediação com uma visão ampliada da gestão de conflitos. “Se estamos falando de arbitragem temos também que incluir dentro dos sistemas outros critérios de resolução de conflitos. A arbitragem já dá um passo quando ela permite julgamentos não só baseados em direito, mas também em equidade, o que permite essa flexibilização”, explicou. Contudo, de acordo com a professora, existem outros métodos que começam a dar passos diferentes e que permitem incluir outros critérios que não só os normativos. “Há uma ampliação desse sistema para incluir outros elementos que não são só norma e poder. Esses elementos se mesclam, mas necessariamente vamos começar a dar ‘preferência’ à resolução de conflitos consensuais”, concluiu.