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Curso sobre Constelação Familiar termina nesta quarta (28) no CJF

CEJ

por publicado: 28/11/2018 11h08 última modificação: 28/11/2018 11h25
Técnica é utilizada na solução alternativa de conflitos no Poder Judiciário

O Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal (CEJ/CJF) encerra, nesta quarta-feira (28), na sede do órgão, em Brasília, o Curso de Formação em Organização Sistêmica – Módulo I. O objetivo da capacitação, voltada para magistrados e servidores da Justiça Federal, é a aplicação dos conceitos e a filosofia das Constelações Familiares na solução alternativa de conflitos. O conteúdo do primeiro módulo ocorre por meio de exposição dialogada e dinâmicas de grupo.

O instrutor foi o médico-cirurgião Décio Fábio de Oliveira Júnior, especialista na técnica das Constelações Sistêmicas Familiares. Segundo ele, esse conceito não substitui os processos convencionais de conciliação, mas vem a somar-se com as diversas iniciativas já consagradas pelo Poder Judiciário. “A estrutura processual deve seguir um rito que é definido em lei e não pode ser modificado, a não ser que essa lei seja alterada. Entretanto, nós podemos observar que, durante a aplicação da lei, a forma como os interlocutores do processo lidam com a situação faz toda a diferença na reação emocional das pessoas... O que nós estamos buscando é atuar nesse ponto.”, disse.

Ainda de acordo com o instrutor Décio Fábio de Oliveira Júnior, a questão principal é fazer com que os operadores dessa metodologia consigam solucionar, por meio do diálogo, as mais variadas demandas judiciais. “Nós não estamos nem pretendemos interferir no formato legal do processo em si, mas, sim, no approach interno do operador do Direito, no caso, juiz ou serventuário da Justiça, para que tenha efeito sobre as emoções das partes envolvidas, permitindo um abrandamento do conflito. É uma ferramenta para fazer a mudança no jeito de entregar o Direito, e não na forma de fazer o Direito”, explicou.

Participantes

Entre os presentes no curso estava a psicóloga do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) Cleide Sousa. Ela afirma que os conceitos repassados nessa capacitação contribuirão com as atividades desempenhadas na unidade em que ela atua. “Eu trabalho com jurisdicionados e famílias – que chegam muito mobilizadas emocionalmente com questões que definem, com muita amplitude, a vida delas, e essa visão acrescenta ao meu trabalho uma postura diferente de abertura. Eu acredito nas relações mais humanizadas, não só com o sofrimento, mas com essas famílias esperam da Justiça”.

Já para a analista do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Juliana Negromonte, o curso servirá de fundamentação para uso tanto no trabalho quanto na vida pessoal. “Tudo que foi aprendido aqui, todos os conceitos, as experiências com as vivências, nos mostra que a gente pode aplica nas áreas pessoal e profissional. Ajuda muito você resolver conflitos e entendê-los como algo que está dentro de um contexto muito maior... e, aqui, a gente consegue enxergar esse contexto e, às vezes, uma medida que você tomaria para resolver aquele conflito acaba tomando outra completamente diferente, resolvendo, realmente, o problema... sem tomar partido de nenhuma das partes e sem julgamentos. Graças a esses ensinamentos, que primam pelo respeito e pelo amor”, destacou.

Quem também se posicionou sobre a importância da aplicação dos conceitos das Constelações Sistêmicas Familiares foi o técnico judiciário do TJDFT, Mário Ferreira Júnior. “Eu trabalho na área de conciliação e mediação do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) e, aqui, nós temos conceitos básicos que se aplicam a qualquer atividade voltada para estas atividades desempenhadas dentro do Poder Judiciário. Torna a Justiça mais leve e mais fácil de chegar a uma solução. A abordagem ao jurisdicionado se torna mais adequada se você tem em mente esses conceitos da Justiça Sistêmica. Convido os que não conhecem a vivenciar esta prática, e eu mesmo quero me aprofundar nesse assunto”, concluiu.     

Constelações Familiares

Essa é uma nova abordagem da Psicoterapia Sistêmica Fenomenológica criada e desenvolvida pelo alemão Bert Hellinger após anos de pesquisas com famílias, empresas e organizações em várias partes do mundo, buscando o diagnóstico e solução de problemas e conflitos. O resultado desses experimentos se transformou em um trabalho simples, direto e profundo que se baseia em um conjunto de “leis” naturais que regem o equilíbrio dos sistemas.

A intenção da utilização no Poder Judiciário é buscar esclarecer para as partes o que há por trás do conflito que gerou o processo judicial. Os conflitos levados para uma sessão de constelação, em geral, versam sobre questões de origem familiar, como violência doméstica, endividamento, guarda de filhos, divórcios litigiosos, inventário, adoção e abandono.