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XII Workshop sobre o Sistema Penitenciário Federal reúne ministros, juízes e especialistas do Brasil e do exterior

Evento

por publicado: 08/10/2021 09h53 última modificação: 08/10/2021 09h53
O evento, que celebra os 15 anos do SPF, contou com uma conferência sobre os presídios de segurança máxima nos Estados Unidos

O Conselho da Justiça Federal (CJF), por intermédio do Centro de Estudos Judiciários (CEJ), e em parceria com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), iniciou na tarde de quinta-feira (7/10), por webconferência, o “XII Workshop sobre o Sistema Penitenciário Federal”. Neste ano, o evento comemora os 15 anos da implantação do Sistema Penitenciário Federal (SPF) no Brasil. 

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do CJF, ministro Humberto Martins, se pronunciou na abertura do encontro, ressaltando que o XII Workshop é “um evento de grande relevância, que lida diretamente com uma das mais importantes áreas de atuação do Estado brasileiro, que é a execução penal”.  

O vice-presidente do STJ, corregedor-geral da Justiça Federal e diretor do CEJ, ministro Jorge Mussi, afirmou que a comemoração dos 15 anos de implantação do Sistema Penitenciário Federal marca a profícua parceria entre a Corregedoria-Geral, Justiça Federal, Depen, Ministério Público Federal e a Defensoria Pública Federal.  

“Tenho chamado a todos de ‘tripulante de um mesmo barco’ e de ‘caminheiros de uma mesma senda’, juntamente com tantos outros órgãos e servidores unidos em prol da construção de um sistema prisional sólido, eficiente e eficaz na gestão da execução penal”, disse o ministro.   

O evento tem a coordenação científica do juiz federal Walter Nunes da Silva Júnior, coordenador-geral do Fórum Permanente do SPF e corregedor da Penitenciária Federal em Mossoró (RN), que, ao iniciar os trabalhos, relembrou a abertura dos cinco complexos penais federais no Brasil, os quais, segundo ele, obedecem a um único projeto arquitetônico.  

Quando olhamos para trás, vemos o quanto foi construído. O Sistema Penitenciário Federal é um case de sucesso, não temos registro de fugas, homicídiosabuso sexual, muito menos do uso de celulares, superlotação carcerária, motins ou rebeliões”, comemorou o juiz federal.  

Por sua vez, a diretora-geral do Depen, Tânia Fogaça, reforçou o quanto o órgão tem se empenhado em suas atribuições. “O Depen tem como missão o combate ao crime organizado. Essa competência é exercida com muito trabalho e determinação pela equipe de policiais penais federais, especialistas, técnicos e outros profissionais que compõem o quadro da instituição, informou a diretora. 

Ainda na abertura, foexibido um vídeo comemorativo produzido pela Assessoria de Comunicação Social do CJF, por meio do qual foi apresentado o funcionamento do SPF, seus avanços e desafios nesses 15 anos 

Conferência 

O consultor da Alliance for Safety and Justice e ex-diretor do Departamento de Prisões e Reabilitação do Estado de Ohio, nos Estados Unidos (EUA), Gary Mohr, e o comissário penitenciário na Carolina do Norte, também nos EUA, Told Ishee, foram os conferencistas convidados. Ambos fizeram uma exposição sobre os presídios de segurança máxima nos Estados Unidos e apresentaram as características das prisões denominadas “Supermax”.    

Os especialistas exibiram as dinâmicas internas dessas prisões, com a explicação sobre os esquemas de segurança e monitoramento, gerenciamento de riscos, treinamentos de equipes, operações de contenção, revisão operacional e controle de qualidade.    

As áreas destinadas à prática de exercícios e para que os presos possam receber visitas também foram destacadas na apresentação. Todd Ishee trouxe imagens das estruturas, cujos telhados permitem a entrada da luz natural e ainda que os agentes possam ver o encarcerado. O esquema de visitação também é diferenciado. A área é monitorada por câmeras, de modo a respeitar a privacidade do detento e, ao mesmo tempo, registrar qualquer movimentação suspeita, como uma comunicação por gestos, por exemplo.    

Segundo Todd Ishee, um dos desafios das Supermax é manter o nível de violência baixo. Sobre este aspecto, o expositor observou que as celas equipadas com televisores contribuíram para esse desafio, uma vez que o preso tem a opção de ocupar seu tempo com entretenimento. A novidade é que, agora, algumas também serão equipadas com tablets. “Os tablets estão fazendo as nossas prisões mais seguras para funcionários e infratores e ainda permitem que possamos avaliar o esforço e o comportamento dos presos”, explicou Todd Ishee.   

Outro ponto de destaque que tem contribuído para segurança nas Supermax é a utilização de telemedicina. Segundo Gary Mohr, as prisões norte-americanas têm investido muito em cuidar da saúde clínica comportamental dos presos, mas sem se descuidar das questões de segurança nesses momentos de vulnerabilidade. “Trabalhamos para operar por telemedicina, para evitar a locomoção dentro da prisão”, explicou Gary Mohr.   

Mesa redonda 

Em seguida, foi promovida uma mesa-redonda sobre o tema “Peculiaridades do regime jurídico dos presídios federais: inclusão e prazo de permanência; regime de cumprimento da prisão, visita social, íntima, de advogado e o preso ser entrevistado pela imprensa”. A moderação foi desempenhada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Joel Ilan Paciornik. 

A primeira expositorarepresentando o Ministério Público Federal (MPF), foi a procuradora da República no Estado do Paraná (PR), Adriana Aparecida Storoz Mathias dos Santos. Em sua apresentação, a conferencista abordou o desenvolvimento da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), bem como os avanços legislativos e administrativos do SPF ao longo do tempo. “Nesses 15 anos, no âmbito do MPF, houve um incremento no sistema prisional e o isolamento de várias lideranças importantes. Não houve, nesse período, registro de rebeliões, superlotação, fugas ou celulares apreendidos, o que é um sucesso em termos de sistema prisional brasileiro”, disse ela. 

Já a defensora pública federal Mariana Lomeu, relatou ponderações sobre a atuação da Defensoria Pública da União (DPU) no Sistema. Segundo a oradora, “o SPF tem muito a ensinar e demonstra que o Estado brasileiro é capaz de gerir e construir uma unidade prisional que garanta uma estrutura digna”. No entanto, é preciso “humanizar e repensar os caminhos de execução da pena”, uma vez que, através das inspeções e visitas realizadas periodicamente pela DPU às penitenciárias federais, observa-se que o caráter restritivo do isolamento gera danos à saúde mental tanto de presos como de agentes. 

Na sequência, o agente federal de execução penal e diretor do Sistema Penitenciário Federal do Depen, José Renato Gomes Vaz, discutiu as propostas e os diversos aspectos levantados pelos oradores anteriores e destacou os avanços do SPF ao longo dos anos: “O Sistema nos 15 anos se apresentou como um case de sucesso. Não conheço nenhum programa, nesse tempo, que tenha dado tão certo no âmbito da segurança pública como SPF”. 

Por fim, o juiz corregedor do Penitenciária Federal em Catanduvas (PR), Paulo Sérgio Ribeiro, ressaltou que “o SPF é um sistema duro e muito rígido, entretanto é necessário para neutralizar pontualmente grandes lideranças que tenham o perfil para o Sistema, além de promover sua inclusão e permanência”. O palestrante discorreu sobre temas que proporcionam inquietação ao colegiado da Penitenciária de Catanduvas, como requisitos de juízes de origem para a inserção de internos no SPF e o tempo de permanência dos presos. 

Programação  

O encontro será retomado nesta sexta-feira (8/10), com a realização de quatro oficinas de trabalho, que abordarão as questões debatidas na mesa-redonda. As discussões prosseguirão durante toda a manhã, quando ocorrerá a escolha de proposições de enunciados a serem levadas à plenária, que será realizada a partir das 13h30 do mesmo dia. 

Mais informações estão disponíveis na página do evento.