Você está aqui: Página Inicial > Outras Notícias > 2012 > Março > Pesquisadora da Fiocruz critica operadoras de planos de saúde em curso iniciado no auditório do TRF2

Pesquisadora da Fiocruz critica operadoras de planos de saúde em curso iniciado no auditório do TRF2

publicado 26/03/2012 19h15, última modificação 11/06/2015 17h13

 


Se há uma coisa em que as operadoras de planos de saúde são eficientes é em dificultar o acesso dos seus clientes aos serviços oferecidos por hospitais e consultórios credenciados. A conclusão da pesquisadora Maria Alicia Dominguez Ugá, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é contundente, mas comprovada por dados e pesquisas.  Palestrando no primeiro dia do curso Justiça e Saúde, que teve lugar no auditório do TRF2, no dia 23 de março, a cientista explicou que tem sido verificado, há quase dez anos, um aumento constante e expressivo da procura  pelo atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), por parte dos cidadãos que têm plano de saúde: "Isso nos diz muita coisa. Em primeiro lugar, significa que o que as operadoras fazem é expulsar os pacientes para o SUS, quando precisam de tratamento", afirmou.

Maria Alicia Ugá, que dividiu a palestra com a médica Joyce Mendes de Andrade Schramm (também da Fiocruz),  apresentou o resultado de uma pesquisa realizada na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz, que demonstra que 23 por cento das queixas encaminhadas à agência fiscalizadora da saúde suplementar no Brasil referem-se à burocracia na autorização de internações, cirurgias e exames. E 69 por cento são relativas ao indeferimento, muitas vezes injustificado, de pedidos dos usuários: "Fica claro que o objetivo é levar o paciente a desistir de usar o plano de saúde, o que sobrecarrega o SUS. O cidadão acaba pagando duplamente pelo serviço, recolhendo tributos e as mensalidades do plano", criticou.

O Curso Justiça e Saúde segue até o dia 4 de maio. As aulas são às sextas-feiras. O próximo encontro, no dia 30 de março, acontecerá no Auditório Nelson Ribeiro Alves, que fica no prédio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

A mesa de abertura do curso foi presidida pela diretora-geral da Escola da Magistratura Regional Federal da Segunda Região (Emarf), desembargadora federal Liliane Roriz, e contou com a participação da diretora-geral da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), desembargadora Leila Mariana, do desembargador federal Francisco Barros Dias, do TRF5 (que tem sede em Recife), e da psicóloga Janaína Penalva, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A palestra inaugural do curso ficou a cargo da médica Lígia Bahia, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que falou sobre sistemas de saúde e direito à saúde. Seu foco foi a comparação entre os principais sistemas existentes no mundo.

O programa está sendo promovido pelo Comitê do Estado do Rio de Janeiro, do Fórum Nacional de Saúde do CNJ, e é voltado para magistrados, membros do Ministério Público, advogados públicos e gestores de saúde pública e suplementar.

Além do comitê fluminense do FNS/CNJ, a realização do projeto está a cargo da Emarf e da Emerj.  Dentre os palestrantes, a programação inclui juristas, autoridades e cientistas, como o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, Antonio Ivo de Carvalho, o professor Ruben Mattos, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o diretor da Escola Superior da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Rio de Janeiro, Renan AGuiar, o coordenador dos Juizados Especiais Federais da Segunda Região, desembargador federal Guilherme Calmon, o secretário de saúde do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Côrtes, a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Lenita Wannmacher, que integra o Comitê de Especialistas em Seleção e Uso de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde, e a professora Ada Pellegrini Grinover, da Universidade de São Paulo.

Fonte: Ascom - TRF da 2ª Região