TRF4 investe na formação psicológica de juízes
“Esse projeto é um pioneirismo da Justiça da 4ª Região, um primeiro passo para a valorização do vitaliciamento na carreira da magistratura”. Com essa declaração, o juiz federal Nivaldo Brunoni, auxiliar da Corregedoria Regional da Justiça Federal da 4ª Região, deu início ao Programa de Vitaliciamento “Magistratura e Cidadania. Fatores Psicológicos na Prática Jurisdicional”. A cerimônia de abertura aconteceu hoje (7/11) à tarde no auditório do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), presidida pelo juiz Brunoni, que também é coordenador científico do curso.
Promovido pela Corregedoria Regional da Justiça Federal da 4ª Região e pela Escola da Magistratura do TRF4, o evento reúne, até a próxima sexta (9/11), uma turma de juízes federais substitutos em processo de vitaliciamento para debater como a questão psicológica influencia em suas carreiras. Para ilustrar essa temática, logo após a abertura, foram apresentadas cenas da obra Antígona, de autoria do dramaturgo grego Sófocles. O ator e professor aposentado de Artes Dramáticas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Luiz Paulo Vasconcellos, juntamente com três outros atores, utilizando o auditório como palco, narraram e encenaram partes da peça.
Ao término da apresentação, ocorreu um debate sobre a psicologia envolvida na tomada de decisões de um juiz, com as cenas e os personagens do drama usados como referências para essa questão. O painel contou com a participação do professor Vasconcellos, além de Lídia Reis de Almeida Prado, professora de Direito da PUC/SP e da USP, e Neyde Alvarenga, psicóloga clínica.
Brunoni ressaltou o desejo de que a iniciativa do programa sirva para motivar outras ações direcionadas ao processo de vitaliciamento. “Esperamos que outros tribunais sigam por este mesmo caminho, pois este é um aspecto da carreira que ainda não recebe toda a atenção que merece”, disse.
Na segunda atividade da tarde, a professora Lídia palestrou sobre o juiz e as emoções. Ela falou sobre o desenvolvimento do pensamento racional e a supervalorização da razão em detrimento da emoção. Segundo ela, o homem moderno desenvolveu um pensamento mecanicista, que tende a desvalorizar a emoção e a criatividade. Para Lídia, razão e emoção devem andar juntos para que o ser humano possa desenvolver-se plenamente. “Ser tocado pela emoção não quer dizer que o juiz ficará paralisado, pelo contrário, ele se tornará mais sensível e mais enriquecido em sua carreira”, ressaltou.
Desenvolvimento e formação para os novos juízes
O curso marca a etapa final do vitaliciamento de 25 juízes substitutos que atuam em varas federais do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná e que iniciaram a carreira na magistratura em junho de 2011. Previsto na Constituição Federal, o processo de vitaliciamento objetiva orientar, acompanhar e avaliar os juízes durante os dois primeiros anos de exercício do cargo.
A Corregedoria Regional da Justiça Federal da 4ª Região implementou um novo modelo de programa de vitaliciamento, com uma abordagem inédita, envolvendo os setores de psicologia do TRF4, juízes federais colaboradores e os próprios magistrados vitaliciandos. A ideia é trabalhar no desenvolvimento e na formação dos novos juízes, investindo no seu crescimento e desempenho.
Dentro do programa, foram organizados encontros em cada estado da 4ª Região, com entrevistas individuais realizadas com o juiz Brunoni, analisando aspectos técnicos, e com a psicóloga do TRF4, Elizabeth Schefer, com um viés comportamental. Nesses encontros, foram debatidos assuntos como as práticas do dia a dia, a gestão da vara federal, audiências, procedimentos e dúvidas da carreira.
Segundo Elizabeth, o objetivo do vitaliciamento, além de avaliar, “é dar suporte e ambientação para favorecer a adaptação e a integração do juiz ao cargo e à instituição”.
Fonte: Ascom TRF4