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Emag realiza curso de porta-vozes para novos juízes federais

publicado 05/06/2013 15h15, última modificação 11/06/2015 17h14

Os 18 juízes federais substitutos aprovados no último concurso público do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) participaram do curso de media training organizado pela Escola de Magistrados da Justiça Federal da 3ª Região (Emag) nos dias 28 e 29 de maio em São Paulo. O objetivo foi preparar os novos integrantes do Poder Judiciário como porta-vozes no relacionamento com a imprensa.

Os magistrados passaram por treinamento teórico e prático, que envolveu palestras com os jornalistas Heródoto Barbeiro (Record News), autor do livro "Mídia Training - como usar a mídia a seu favor", e Marcelo Coelho, colunista da Folha de São Paulo. Oficinas de entrevistas com as equipes da Assessoria de Comunicação do TRF3 e da Justiça Federal da Subseção do Estado de São Paulo e da Emag também fizeram parte do treinamento.

Segundo o desembargador federal Mairan Maia, diretor da Emag, a expectativa é fazer com que o magistrado compreenda como é realizado o contato com a mídia. “O juiz tem que saber lidar com a imprensa, tê-la como agente colaborador da sua atividade e assim ter condições de dialogar com jornalistas, diretamente ou por meio da assessoria de comunicação”, explicou.

O Judiciário atualmente é um dos poderes mais cobrados pela opinião pública, principalmente com a ampla cobertura da imprensa dada a grandes julgamentos e fatos envolvendo os tribunais superiores e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Esse foi um dos relatos apontados na palestra pelos jornalistas Heródoto Barbeiro e Marcelo Coelho na abertura do curso de media training.

Para Heródoto, a sociedade começou a conhecer melhor como funciona a estrutura da Justiça a partir de casos de notória repercussão como a ação penal 470, conhecida como “mensalão”, julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “As pessoas descobriram coisas que deveriam ser simples como a de que o Supremo é composto por ministros. Na concepção delas, cargos de ministros só existiam no Poder Executivo”, disse.

O jornalista afirmou que a aproximação do Judiciário com a imprensa está apenas começando no Brasil. “Estamos construindo a relação com o Poder Judiciário. É normal que essa relação comece pelos casos mais ‘rumorosos’ julgados pelo STF e divulgados pelo CNJ. Na medida em que a sociedade for se aprofundando na democracia, tenho certeza que toda a ação no Judiciário vai permear na mídia, porque o cidadão precisa conhecer melhor a sua Justiça. A melhor forma de conhecê-la é através dos veículos de comunicação”, enfatizou.

Já o colunista do jornal Folha de São Paulo, Marcelo Coelho, lembrou que a imprensa também falha na veiculação de notícias do meio jurídico. “Não acredito que o ‘juridiquês’ seja um problema grave na relação da Justiça com a mídia. O que mais falta à imprensa é que tendemos a noticiar decisões quando já são fatos consumados. Não conseguimos traçar um relato circunstanciado de todos os prós e contras que pesaram na decisão do juiz. Quando temos a oportunidade de acompanhar um julgamento, como no caso do ‘mensalão’, é possível haver uma aproximação não apenas entre o Judiciário e a imprensa e, principalmente, uma maior aproximação entre o modo de pensar do juiz e o interesse da sociedade”, afirmou.

Os jornalistas também conversaram e debateram com os novos magistrados sobre assuntos como direito de resposta, ética jornalística, sigilo da fonte, segredo de Justiça, liberdade de expressão, entre outros. Os comunicadores avaliaram como boa a iniciativa da Emag com a realização do curso aos juízes federais.

“Às vezes, temos visto uma exposição muito grande dos juízes diante da imprensa e da tevê. A pessoa que não é jornalista é ‘jogada’ a uma espécie de violência da pergunta, à pressa e ao simplismo da situação. Imagina o juiz que tenha que explicar sua decisão em 30 segundos. Isso precisa ser enfrentado ou não por ele. O juiz talvez tenha que saber em qual momento é melhor falar ou não aos jornalistas”, disse Marcelo Coelho.

Treinamento

O curso também abordou as mudanças tecnológicas que têm permitido ao jornalismo transitar por várias plataformas (rádio, tevê, jornal, internet). O mercado da mídia, o tempo e prazos dos jornalistas, as redes sociais (Facebook e Twiter), imagem corporativa, o papel da assessoria de comunicação e técnicas de boa entrevista foram tratados em outras palestras e exposições do treinamento. O intuito maior foi enfatizar a importância da preparação dos porta-vozes da instituição para um bom atendimento à imprensa.

O curso foi encerrado com um circuito de mídia em que foram realizadas simulações de coletiva de imprensa, entrevistas em rádio, pelo telefone e pessoalmente, e oficina de gestão de crise.

Esta foi a segunda turma de magistrados que participou do treinamento de porta-vozes. A primeira contou com dez participantes no mês de março. A Emag incorporou em seu calendário permanente o curso de media training para os magistrados da 3ª Região. O curso está em consonância com o Planejamento Estratégico Nacional, instituído pela Resolução 70/2009 do Conselho Nacional de Justiça que visa “aprimorar a comunicação do Judiciário com os públicos externos”. O plano considera as Assessorias de Comunicação como setores estratégicos dos órgãos do Judiciário, por estarem diretamente ligadas ao cumprimento desses objetivos.

Fonte: TRF3